Lançado em maio, o Veo 3 é o modelo de IA de geração de vídeo mais avançado do Google. Disponível apenas nos planos pagos do Google AI, ele permite criar vídeos ultrarrealistas a partir de simples comandos de texto. A ferramenta faz parte da plataforma Gemini e foi apresentada durante o Google I/O, a principal conferência para desenvolvedores da empresa.
Mas o que está chamando atenção não é só a tecnologia — é o impacto que ela já está causando.
Black Mirror, mas sem os créditos finais
Nas últimas semanas, as redes sociais foram inundadas com vídeos gerados pela IA. Alguns são óbvios: paródias de passagens bíblicas, cenas históricas reimaginadas, montagens criativas. Mas outros são perigosamente convincentes: entrevistas falsas em podcasts, discursos que nunca aconteceram, cenas que parecem extraídas de jornais reais.
Nos comentários, a reação varia entre o fascínio e o medo. “Isso é muito Black Mirror”, escreveu um usuário. Outro alertou: “Imagina isso em pleno ano eleitoral”.
E aqui começa a verdadeira discussão.
O poder (e o risco) da manipulação de realidade
Com a nova versão, o Veo 3 não apenas cria vídeos visualmente impecáveis, mas também adiciona áudio realista, falas sincronizadas e ruídos ambientes, elevando o nível de verossimilhança a um novo patamar. Em vídeos mais complexos, o Google disponibilizou a ferramenta Flow, que permite editar ângulos de câmera, criar transições entre cenas e construir filmes inteiros com poucos cliques.
Isso significa que, com uma ideia na cabeça e algumas linhas de texto, qualquer pessoa pode criar um vídeo convincente sobre qualquer coisa. Isso pode ser revolucionário para o entretenimento, sim — mas também representa um risco monumental para a integridade da informação.
Democracia, eleições e o caos do conteúdo falso
A própria empresa reconhece esse risco. O Google afirma que restringe usos abusivos e que implementa uma tecnologia chamada SynthID, capaz de inserir marcas d’água invisíveis nos conteúdos gerados por IA. Mas será que isso é suficiente?
Com o avanço das ferramentas de criação de deepfakes, a sociedade está prestes a enfrentar um novo dilema: em quem (ou no que) confiar? Quando qualquer pessoa pode criar um vídeo de alguém dizendo algo que nunca disse, como garantir a veracidade do que assistimos?
O futuro já começou — e ele não tem pausa
A chegada do Veo 3 representa mais do que uma inovação tecnológica. Representa um divisor de águas na forma como consumimos e produzimos informação. Estamos preparados para esse novo mundo?
A pergunta que fica é: como diferenciar o real do artificial quando até o falso emociona, engaja e parece verdade?